JACK- Luciano Gonçalves, engenheiro químico, amante de basquetebol, vocalista da banda O FIO, Projeto Alcatéia, escritor, pai da Lana...aqui narra sua vida enlouquecida ou não. "Nenhuma Guerra pode ser santa"- Renato manfredini Jr.

Saturday, April 23, 2005

Sete Balas

Sete balas (08/05/05)

Ele estava lá. Foram dados sete tiros e ele caiu. Fora assim que Gustavo vira acontecer. Ele atirara no branquelo alto e cabelos longos, que estava no Olho de Tigre brigando com o ‘Fúria’, que além de ser seu chefe era seu amigo de infância. O homem, que o tinha espancado muito, lhe parecera muito forte e ágil pois, não demonstrara nenhum medo quando ‘Fúria’ veio lhe dizer pra sair dali, pois a garota com quem ele falava, era sua mulher. O homem loiro disse tranqüilamente que a garota estava sozinha e por isso era melhor ele esquecer aquilo tudo. ‘Fúria’ puxou uma faca e ameaçou o homem, que simplesmente riu, gargalhou fria e assustadoramente. Não era deboche, não era nervosismo. Era graça. Ele achou graça de ‘Fúria’ e suas ameaças até então descabidas. Em poucos segundos ‘Fúria’ tentou esfaquear o homem, que sem esforço nenhum, o desarmou, jogando fora a faca e espancou-o rápido e com força, apesar de ainda parecer não demonstrar nenhum esforço para tal.
Gustavo, quando percebeu da situação, não pensou duas vezes e com sua pistola disparou sete tiros contra o homem loiro. Dois tiros nas costas e cinco no peito. O pessoal no bar, que já estava acostumado com a quadrilha do ‘Fúria’ e sobre as situações escabrosas que ocorriam quando eles estavam presentes no Olho de tigre, (que por ser um bar freqüentado por gente de todo o tipo como marginais, prostitutas e traficantes, já estavam acostumados a ‘desovar’ muitos cadáveres, afinal para isso pagavam para a polícia nunca aparecer naquela parte do bairro e principalmente no bar) agiram com rapidez e descrição.
Sara Jane, a dona do bar chamou seus garçons para limpar o lugar, no mesmo momento em que ‘Fúria’ lhe deu um punhado de notas pedindo desculpas pelo o ocorrido. ‘Fúria’ olhou com desprezo e ódio para a garota que estava com o homem loiro e a esbofeteou com força dizendo-lhe alguns palavrões. Arrastou a menina pelos cabelos através da porta dos fundos do bar, por onde haviam levado o cadáver do homem loiro.
Os garçons que carregavam o cadáver do homem loiro o jogaram numa lixeira, e voltavam para dentro do bar, quando passaram por ‘Fúria’ e a garota que ele arrastava.

‘Fúria’ ao chegar na rua, bateu mais uma vez na garota, e disse que aquela era a última vez que ela aprontaria para ele. Rasgou suas roupas e apontou a faca para o pescoço dela. Quando ia começar a violentá-la, ouviu uma voz grave dizendo para largá-la. ‘Fúria’ virou-se assustado e logo ao seu lado, de pé perto da lixeira, estava o homem loiro o olhando friamente.
Apavorou-se de súbito, e sentiu seu sangue gelar, pois viu Gustavo usar sua pistola no homem que estava ali agora, na sua frente. Gritou por socorro a plenos pulmões e tentou atacar o homem com a faca. Mais uma vez foi desarmado com extrema agilidade e teve seu braço quebrado com simples movimento de torção do homem loiro. Estava com o braço quebrado e teve também a perna fraturada com um chute sobre o joelho, dobrado sua perna para trás com a exposição de seus ossos. ‘Fúria’ chorava e clamava por ajuda quando chegaram Gustavo e os dois garçons. Houve um minuto de silêncio acerca do assombro de vislumbrarem o homem que há pouco deveria estar morto, mas antes que pudessem reagir, os homens foram atacados. Com rápidos movimentos desarmou Gustavo quebrando violentamente seu braço com uma torção rápida, e uma de suas pernas com um chute que parecia uma pisada sobre o joelho, da mesma forma que atacara ‘Fúria’. Logo após essa ação, acertou com um chute durante o giro um dos garçons e com os dedos rasgou a garganta do outro com os dedos. O garçom que recebeu o chute tentou se mover, mas recebeu um golpe no peito e rapidamente teve sua traquéia esmagada com um soco que o homem loiro desferira com muita força e precisão.

Virou-se sem mostrar preocupação alguma para os rapazes que agonizavam logo atrás dele e caminhou para perto de ‘Fúria’ que rastejava e choramingava pedindo por ajuda. A garota havia fugido dali e Gustavo olhava apavorado para a figura imensa que calmamente caminhava de encontro ao seu chefe. Sentiu uma onda de terror quando o homem loiro ergueu ‘Fúria’ e com as duas mãos quebrou a coluna do chefe sobre o joelho de uma forma brutal e monstruosa. ‘Fúria’ já era um corpo inerte quando foi largado no chão ao mesmo tempo em que o homem movia-se lentamente para Gustavo, que tentava reagir atirando uma tampa de lata de lixo no loiro, que com uma mão segurou a tampa e sorriu. Um sorriso gelado. Gustavo achou que ia morrer.

O homem loiro abaixou-se pegando Gustavo pelo colarinho. Gustavo esperneava, tentava com o braço bom socar o loiro, que logo lhe deu uma cabeçada fazendo jorrar sangue do nariz. Tonto Gustavo gritou:
-Me mata porra...Seu demônio dos infernos!

Então o homem loiro calmamente largou Gustavo no chão e lhe disse:
-Bravo homem. Um dos últimos. Talvez desespero.
Lucas é meu nome. Tome.

E Lucas, o homem loiro de cabelos longos, entregou sete balas para Gustavo, que logo percebera pelos amassados que as balas foram as que ele havia disparado no loiro. Sete balas que haviam lhe sido dadas como sua vida nessa noite.
O homem deu as costas para Gustavo e foi-se embora, como se nada tivesse acontecido.
Gustavo estava vivo, muito machucado, mas vivo. Havia conhecido Lucas, um homem estranho, com princípios estranhos. O homem das sete balas, como o chamariam depois disso, ou simplesmente o homem que não podia morrer.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Bala

10:02 PM

 

Post a Comment

<< Home